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Mostrando postagens de 2013

Vergonha

Vergonha. Foi esse o sentimento que senti hoje. Tinha saído do trabalho lépida e faceira por ser meu primeiro dia de férias, quando fui abordada por um rapaz. Suas roupas esfarrapadas e sujas me fizeram o julgar assim, à primeira vista. Sem querer, dei um passo para trás. Não era intenção, mas foi uma ação instintiva. – Moça, não se preocupe, eu não sou ladrão – foi o que ele me disse. Senti vergonha por ter agido com um pré-conceito. A maioria das pessoas age assim quando vê alguém fora das condições aceitas pela sociedade. Não acredito que ele fosse um ladrão ou tivesse qualquer intenção de me fazer mal. Pessoas assim como ele são invisíveis aos olhos dos outros. Eu olhei para ele e seus olhos eram tristes, de alguém que não estava pedindo dinheiro por apenas querer, mas que fazia porque era uma necessidade. Sensibilizei-me com seu olhar e com aquelas oito palavras. Dei a ele todas as moedas que tinha na carteira, no momento era o que eu tinha. Temos o hábito de pré-jul

Chega de blá, blá, blá

Após 21 anos – do movimento Caras Pintadas, do impeachment de Collor –, o Brasil finalmente saiu do seu estado entorpecente de resignação e acordou para o que verdadeiramente importa. Chega de novelas, futebol, carnaval e BBB. O país vive realmente um momento histórico. O que começou pelo protesto Movimento Passe Livre, contra as tarifas abusivas do transporte público, tornou-se algo muito maior. Hoje, as manifestações não são mais apenas pelos R$ 0,20. Hoje, os brasileiros lutam contra a corrupção, por um sistema de saúde eficiente; por uma educação melhor; por uma justiça igualitária; contra a exclusão social; por poder sair às ruas tranquilamente, sem ter medo de ser assaltado; por melhores salários para os professores e operários; contra os altíssimos investimentos em Copa do Mundo e carnaval; contra a falta de estrutura física em favor dos deficientes físicos; contra os altos impostos que pagamos; contra a impunidade; contra a PEC 37; contra o ‘jeitinho brasileiro’.

Pérolas do trem

Todas as manhãs é inevitável a aglomeração de pessoas no trem com destino a Porto Alegre. Às vezes não é possível ler nem dormir, então só resta ouvir as conversas alheias. Hoje foi um desses dias. Peguei o trem vazio em Sapucaia, sentei, tentei dormir. Logo entraram três mulheres e pararam na minha frente, não consegui dormir por causa de suas conversas. A princípio veio a irritação, mas em seguida deixei a curiosidade tomar conta de mim e fiquei a ouvir a conversa. Estavam tão próximas a mim, não havia como evitar. Falaram tantas coisas, tantos absurdos, que preciso enumerá-los. Primeiramente, falavam de alguma conhecida, que, para elas não estava dentro do padrão de beleza ditado pela sociedade, a moça em questão – segundo elas – é gorda. Comentavam sobre suas roupas, como se elas tivessem alguma coisa a ver com isso. Diziam que a moça não se vestia adequadamente, que usava roupas curtas, justinhas. Uma delas disse ‘ela está sempre com o rabo de fora’, extremamente