Algum tempo atrás li o livro O Gosto da Guerra¸ do jornalista brasileiro José Hamilton Ribeiro, que relata os momentos dramáticos que passou em 1968 ao ser correspondente na Guerra do Vietnã. Zé Hamilton viu coisas horríveis e teve dias muito dolorosos, como o dia em que perdeu parte da perna esquerda ao pisar em uma mina.
Tudo que ele viu, ouviu e viveu naqueles dias foram inesquecíveis, mas não no sentido bom da palavra. Mas não vou me ater a isso. Quero falar de outra coisa. Em certo momento do livro Zé Hamilton fala que por causa da explosão da mina, seus olhos ficaram muito irritados e ele ficou preocupado. Ele foi medicado, e no dia seguinte acordou sem enxergar nada.
Um olho com um décimo de visão e o outro com um curativo, sentiu-se cego e ficou desesperado. Ao recobrar a visão exclamou com alegria: Que delícia! Você deve estar pensando: quanta introdução para iniciar um assunto. Qual será seu propósito? Pois quero dizer que a visão não se limita somente a nossos globos oculares. Há muitas pessoas com deficiência visual, e, no entanto, enxergam melhor do que muitos que estão por aí e que têm o privilégio da visão.
A cegueira não é unicamente não poder ver com os olhos. Sim, é não poder ver o azul do céu ou do mar; não ver a cor das flores; as várias espécies de animais; não ver um sorriso; não ver a lágrima correndo pelo rosto de alguém; não ver as diferentes paisagens; as características de cada estação. A cegueira está em tantas coisas. Se você não pode ver com os olhos o céu e o mar, aprecie de outros modos.
Escute o barulho das ondas; sinta o frescor do vento. Pise na areia e sinta a água banhando seus pés. Se não pode ver o colorido das flores, sinta o perfume, apalpe-as. Aprenda a enxergar com as mãos, tocando-as, aprendendo a distingui-las. Se não conhece os animais, aproveite para imaginá-los. Assim até os mais feinhos podem se tornar lindos bichos em sua mente. Não pode ver quando uma pessoa está sorrindo ou chorando? Acarice-a, toque seu rosto.
Muitas vezes um toque diz mais que muitas palavras. Aprenda a reconhecer as alegrias e tristezas das pessoas que ama examinando suas feições, no jeito de falar, a respiração. Se não pode mais ou nunca pôde ver as paisagens, imagine-as. Toque as coisas ao seu redor; sinta como é a grama, a chuva, as árvores, as frutas, as flores. As estações possuem características totalmente distintas uma das outras.
No verão sinta o calor do sol. No outono toque as árvores e as folhas que caem. No inverno sinta o friozinho aconchegante. Na primavera, a estação das flores. Descubra-as. Cegueira é também não perceber que tem alguém muito especial ao seu lado, esperando apenas por um sorriso. Cegueira é não perceber que muitas vezes, muitas coisas ruins que acontecem é para o nosso bem, pois às vezes, as coisas melhores estão mais a frente, precisamos descobri-las.
Cegueira é não dar valor às pessoas que nos amam e que amamos. Cegueira é ter medo de apostar no novo. É agir sempre da mesma maneira, fazer sempre as mesmas coisas. Cegueira é procurar empecilhos e ser infeliz diante de tantas possibilidades. Muito mais do que não poder ver com os olhos, cego é aquele que não vê com o coração.
Tudo que ele viu, ouviu e viveu naqueles dias foram inesquecíveis, mas não no sentido bom da palavra. Mas não vou me ater a isso. Quero falar de outra coisa. Em certo momento do livro Zé Hamilton fala que por causa da explosão da mina, seus olhos ficaram muito irritados e ele ficou preocupado. Ele foi medicado, e no dia seguinte acordou sem enxergar nada.
Um olho com um décimo de visão e o outro com um curativo, sentiu-se cego e ficou desesperado. Ao recobrar a visão exclamou com alegria: Que delícia! Você deve estar pensando: quanta introdução para iniciar um assunto. Qual será seu propósito? Pois quero dizer que a visão não se limita somente a nossos globos oculares. Há muitas pessoas com deficiência visual, e, no entanto, enxergam melhor do que muitos que estão por aí e que têm o privilégio da visão.
A cegueira não é unicamente não poder ver com os olhos. Sim, é não poder ver o azul do céu ou do mar; não ver a cor das flores; as várias espécies de animais; não ver um sorriso; não ver a lágrima correndo pelo rosto de alguém; não ver as diferentes paisagens; as características de cada estação. A cegueira está em tantas coisas. Se você não pode ver com os olhos o céu e o mar, aprecie de outros modos.
Escute o barulho das ondas; sinta o frescor do vento. Pise na areia e sinta a água banhando seus pés. Se não pode ver o colorido das flores, sinta o perfume, apalpe-as. Aprenda a enxergar com as mãos, tocando-as, aprendendo a distingui-las. Se não conhece os animais, aproveite para imaginá-los. Assim até os mais feinhos podem se tornar lindos bichos em sua mente. Não pode ver quando uma pessoa está sorrindo ou chorando? Acarice-a, toque seu rosto.
Muitas vezes um toque diz mais que muitas palavras. Aprenda a reconhecer as alegrias e tristezas das pessoas que ama examinando suas feições, no jeito de falar, a respiração. Se não pode mais ou nunca pôde ver as paisagens, imagine-as. Toque as coisas ao seu redor; sinta como é a grama, a chuva, as árvores, as frutas, as flores. As estações possuem características totalmente distintas uma das outras.
No verão sinta o calor do sol. No outono toque as árvores e as folhas que caem. No inverno sinta o friozinho aconchegante. Na primavera, a estação das flores. Descubra-as. Cegueira é também não perceber que tem alguém muito especial ao seu lado, esperando apenas por um sorriso. Cegueira é não perceber que muitas vezes, muitas coisas ruins que acontecem é para o nosso bem, pois às vezes, as coisas melhores estão mais a frente, precisamos descobri-las.
Cegueira é não dar valor às pessoas que nos amam e que amamos. Cegueira é ter medo de apostar no novo. É agir sempre da mesma maneira, fazer sempre as mesmas coisas. Cegueira é procurar empecilhos e ser infeliz diante de tantas possibilidades. Muito mais do que não poder ver com os olhos, cego é aquele que não vê com o coração.
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