2008. Tudo está evoluindo de forma vertiginosa, a ciência, a medicina, a tecnologia, e as relações também. Sim, as relações já não são mais as mesmas.
Mais uma vez vou relatar uma historinha que se passou no trem. Utilizar o trem todos os dias me proporciona reflexões sobre variados assuntos. Aqui mesmo neste espaço, já citei outros casos acontecidos no trem que me inspiraram a escrever o texto. Mas, bem, vamos ao assunto.
Outro dia estava no trem, lotado, como de costume, lendo meu livrinho, tranqüilamente, e um casal atrás de mim estava se acarinhando com beijinhos e abraços, quando de repente ouço o seguinte diálogo:
- A tua esposa não tem ciúme de ti, não?
- Não, por quê?
Juro que nem estava prestando atenção em suas conversas, mas quando ouvi isso, me deu um estalo. Como assim? Logicamente então aquele casal não era um casal de namorados, não eram marido e esposa, era um casal de amantes. Mas amantes em um local público?
Fiquei a pensar que hoje realmente tudo está mudando.
Antigamente não se via amantes nas ruas, em público, era tudo no mais profundo sigilo. Antes os amantes se encontravam em encontros furtivos, às vezes correndo, no meio do dia, no horário de almoço, para assim não despertarem suspeitas. Pois eis que vejo um casal de amantes em pleno trem, um lugar repleto de pessoas, onde é praticamente impossível não encontrar um amigo, um vizinho, ou mesmo um conhecido.
Sei que hoje existem relações mais abertas, com espaço para uma terceira, ou até quarta pessoa, mas sempre tive a idéia de que amantes era algo como que proibido, para ser escondido. Afinal, qual a graça de se ter um amante se todos podem saber? Onde fica o gostinho da fruta proibida. Que fique bem claro que sou uma pessoa monogâmica, mas aqueles que decidem por ter uma ‘aventura’, porque não se escondem mais como antigamente?
Será que hoje o excitante de uma relação entre amantes é a pessoa ‘oficial’ saber da história? Não vou me surpreender se daqui a pouco casais tiverem seus casinhos e todos os envolvidos na relação se sentarem à mesa para uma pizza e um vinho.
Sem caretices, mas ainda acho que amantes devem ficar no seu devido lugar, sem se manifestar e manter a relação às escondidas, como sempre foi. Há certas coisas que não necessitam de mudanças. Ser ou ter um (a) amante acho que é uma delas.
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