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Machado de Assis por diversos olhares

Capitu, a mais recente microssérie da Rede Globo apresenta mais uma adaptação da obra Dom Casmurro (1899) de Machado de Assis. Aclamado por críticos e muitas vezes odiado pelos estudantes, Dom Casmurro diverge opiniões. Há quem se encante com o amor ingênuo de Bentinho e Capitu, a menina com “olhos de ressaca”, porém há quem critique o autor por não deixar explícito o desfecho da história.

Creio que é uma questão de interpretação, cada um interpreta da sua maneira, do jeito que lhe parecer o mais interessante. Mas voltamos a
Capitu. A série foge de todos os padrões globais a que estamos acostumados. Desde a abertura, tudo é inovador. O texto possui uma roupagem totalmente nova e diferenciada. Os cenários, as falas, tudo é diferente. São utilizados elementos distintos para dar vida à história, como no caso de uma espécie de bicicleta grande com uma cabeça de cavalo para representar assim o próprio animal. 

O ritmo da história também difere de outras produções. Um dos pontos fortes de Capitu é a atuação de Michel Melamed, (do antigo programa Re-Corte Cultural, da TVE) que faz o Bentinho na idade adulta. É ele quem narra a história de amizade, cumplicidade, amor e dúvida entre ele e Capitu. É interessante quando ambos os atores que interpretam o Bentinho se cruzam numa mesma cena.

A impressão que se tem é que o Bentinho (Dom Casmurro) adulto está vivenciando tudo novamente, as alegrias, as dores... É meio confuso para explicar, somente assistindo é que se entende. Ainda há dois capítulos a serem apresentados. Vamos ver se a história dos dois personagens continua uma incógnita.

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Ainda falando de Machado de Assis e sua obra Dom Casmurro, recentemente foi lançado o projeto Mil Casmurros, onde a história do livro foi dividida em 1000 trechos que serão lidos coletivamente por quaisquer pessoas. É preciso fazer um vídeo com a leitura do trecho escolhido. Personalidades e anônimos estão engajados nessa campanha em prol da literatura. Para mais informações acesse o site:
www.milcasmurros.com.br.

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E para finalizar, para quem não viu, há também uma obra cinematográfica que tem como mote uma das mais famosas histórias da literatura brasileira. Trata-se do filme Dom (2003): Sinopse: Bento (Marcos Palmeira) é um homem cujos pais, apreciadores de Machado de Assis, resolveram batizá-lo com este nome em homenagem ao personagem homônimo do livro Dom Casmurro.

Tantas vezes foi justificada a razão da homenagem que Bento cresceu com a idéia fixa de que seria o próprio personagem e destinado a viver, exatamente, aquela história. Até chamava sua amiga de infância no Rio de Janeiro, Ana (Maria Fernanda Cândido), de Capitu.

Seus amigos, conhecedores do seu sentimento de predestinação, lhe apelidaram de Dom. Bento e Ana separaram-se quando a família do menino mudou-se para São Paulo. Já adulto, Bento foi trabalhar como engenheiro de produção e vinha freqüentemente ao Rio. É lá que Dom reencontra a sua Capitu e dali renasce o romance da infância, só que, agora, avassalador. Enfim, gostando ou não, é fato que Machado de Assis e Dom Casmurro apresentam temas para discussão e reflexão.

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