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Ensaio sobre a cegueira

Imagine: de uma hora para outra perder a visão, sem nem ao menos estar doente, sem qualquer motivo aparente para que isso aconteça. Assim começa o filme Ensaio sobre a Cegueira, baseado no livro homônimo do escritor português José Saramago.

Um rapaz está no trânsito, dirigindo seu carro, e sem ao menor aviso, passa a não enxergar mais nada, apenas algo como uma substância de aparência leitosa. Com a ajuda da esposa, ele é levado ao médico, interpretado pelo ator Mark Ruffalo (de E se fosse verdade e De repente 30).

O médico, por sua vez, diz que não há nenhuma causa para essa cegueira e que em breve ele voltará a enxergar. Porém, logo o médico também fica cego. Uma epidemia de cegueira atinge a cidade (que não é citada o nome), e aos poucos todas as pessoas de todos os lugares ficam vulneráveis a cegueira.

Assim, o médico é encaminhado juntamente com outras pessoas para um local onde ficarão em quarentena. Apenas a esposa do médico, interpretada pela atriz Julianne Moore (de Filhos da Esperança) não é acometida pela cegueira branca – nome que a doença passa a ser chamada por todos. Para não deixar o marido cego, num lugar cheio de estranhos, ela finge estar também com a doença. Porém, ela é a única pessoa entre os doentes que pode tentar fazer alguma coisa para amenizar um pouco a situação.

Após alguns dias em quarentena, os serviços prestados pelo Estado, como comida e remédios começam a faltar. A situação é precária. Então as pessoas são obrigadas a se organizarem para conseguir assim um equilíbrio entre as coisas. Dois grupos são formados, de um lado o responsável é o médico (Mark Ruffalo), do outro é um dos outros doentes (Gael García Bernal, de Diários de Motocileta e O Crime do Padre Amaro).

O personagem de Gael García Bernal ao invés de tentar apaziguar um pouco os momentos que já são bastante complicados, ele passa a liderar o grupo de uma maneira autoritária. O curioso é que ninguém questiona as suas ordens. (Assim também acontece em várias situações, a população, às vezes não abre os olhos e ouvidos para as questões, ficam “cegas” diante de determinadas ações).

Assim, na busca por se manterem vivos, as pessoas passam a lutar pelos seus direitos mais básicos de uma forma bastante bruta e cruel, sem pensar no outro, pensando apenas no benefício próprio. Nesta luta incansável pela sobrevivência, há cenas cortantes, que nos deprimem, que poderiam ser resolvidas de uma outra forma, mediante a ação da personagem de Julianne Moore, mas é filme, e precisa sensibilizar o telespectador. Não é bem uma crítica, mas determinadas situações poderiam ter sido resolvidas antes das coisas chegarem ao nível que chegou (é preciso assistir o filme porque não irei contá-lo todo aqui). Assim como a cegueira veio, ela vai embora.

O rapaz que foi acometido pela cegueira no trânsito é o primeiro que volta a enxergar, e todos ficam extremamente felizes. A dúvida que fica é se as pessoas ficaram felizes pelo rapaz voltar a enxergar, ou se estavam pensando se assim como ele, eles também voltariam a ver. Não há uma explicação para a esposa do médico não ficar cega, já que a doença é contagiosa, mas o objetivo do filme é fazer uma reflexão sobre o que as pessoas são capazes de fazer quando se vêem em uma situação totalmente inusitada.

No filme nenhum personagem tem nome. Há cenas gravadas em São Paulo, porém sem fazer referência à cidade. Danny Glover (de Máquina Mortífera) e Alice Braga (de Eu Sou a Lenda e Cidade de Deus) também participam do filme. A direção é de Fernando Meirelles, o mesmo que fez grande sucesso com o filme Cidade de Deus. Vale a pena assistir! Ao final o filme nos deixa com muitas reflexões. Ensaio sobre a Cegueira tem duração de 120 minutos. Para mais informações, acesse o site oficial
www.ensaiosobreacegueirafilme.com.br.

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