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Leitura Coletiva

Diariamente utilizo o trem como meio de transporte e viajo por cerca de cinqüenta minutos para ir e voltar do estágio. Para fazer com que minha viagem seja um pouco produtiva procuro ocupar o meu tempo lendo, sejam livros ou revistas. Mas, acontece que certas ocasiões a leitura fica um tanto prejudicada. Explico: hoje estava eu lendo uma revista com uma reportagem sobre os bastidores, o que acontece por trás de um quarto de motel, ou seja, quem são as pessoas que trabalham para deixar tudo em ordem até a próxima “visita”.

Porém, em certo momento senti que não era a única interessada em ler a matéria. Na página continha uma foto com a palavra
MOTEL grifada em vermelho e letras garrafais. Concordo que não há como não despertar a atenção de olhares alheios e curiosos. Confesso que eu mesma muitas vezes não resisto a uma espiadinha nos livros, jornais e revistas de terceiros (quem já não fez isso?). No entanto, fico completamente constrangida quando alguém invade a minha leitura. Certa vez, também no trem, um homem ao meu lado acompanhava descaradamente a minha leitura.

Por fim, não sabia o que fazer, se trocava de página, se parava de ler, se deixava o dito cujo terminar de ler a página ou se guardava o livro. Há também aquelas pessoas que além de espiar a leitura alheia, fazem pré-julgamentos a respeito da pessoa por causa do material que está sendo lido. Também já aconteceu comigo. Uma vez lia o livro
Louca por Homem, da escritora gaúcha Cláudia Tajes, que para quem conhece, sabe que o seu estilo de escrita é bem humorado, porém algumas moças me olhavam com um olhar estranho, com certo ar de desaprovação.

Talvez pensassem: “Como tem coragem de ler algo assim em público”? O fato é que apesar de apreciar discretamente o que as pessoas lêem no trem, fico um pouco incomodada quando o mesmo acontece comigo. Sobre a reportagem a respeito dos motéis, não tive coragem de continuá-la, deixar para terminá-la em casa, quando estarei longe de olhos tão interessados quanto os meus.

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