
A história é baseada em fatos reais e retrata a vida de Ramón Sampedro (Bardem), um homem que na juventude sofreu um acidente marítimo que o deixou tetraplégico para sempre. Durante 28 anos, Sampedro esteve preso a uma cama, completamente paralisado e à mercê dos outros. Cansado dessa vida e com plenas faculdades mentais, passou a lutar na justiça para ter o direito de pôr fim ao seu sofrimento. No entanto, seu desejo não foi bem recebido por alguns membros de sua família, pela justiça, pela igreja e pela sociedade.
Depois de ver o filme, percebi que ainda não tinha uma posição definida quanto ao tema. Muitos pensam que a pessoa que deseja a eutanásia é covarde e egoísta, que só pensa em si e que não valoriza as pessoas ao seu redor. Contudo, creio ser mais egoísta manter uma pessoa viva em estágio vegetativo, mesmo contra a sua vontade. O tema é complexo e talvez eu agisse de maneira adversa ao que está escrito neste texto. Às vezes acho que ninguém deve tirar a própria vida, mesmo sob qualquer justificativa.
Em outros momentos tenho certeza de que é difícil conviver com uma situação dessas, tanto para a própria pessoa que está doente, quanto para os familiares e amigos. Se fosse comigo, talvez não suportasse ficar presa a uma cama, dependendo de todos para fazer qualquer coisa. Mas, se fosse com alguém da minha família, também não suportaria se a pessoa levasse adiante a ideia. Talvez até tentasse persuadi-la do contrário. Reconheço que é uma forma egoísta de se pensar. Mesmo com tantas perdas na família, não aprendi e acho que nunca vou aprender a lidar com a morte. É doloroso demais, e ainda sinto a falta de pessoas queridas que se foram há muito tempo.
Meus pensamentos confusos se devem a isso. No entanto, acredito que a eutanásia é um assunto que ainda necessita de muita discussão. E mesmo com meus momentos de egoísmo ao dizer que não gostaria que alguém próximo fizesse, somente aquele que anseia pela permissão sabe o sofrimento que carrega. Assim, penso que as pessoas deveriam ter o direito de escolher o que lhe parece melhor para sua vida ou condição. Não vejo como suicídio ou homicídio, mas sim como uma maneira de amenizar o sofrimento de quem fica e acabar com o de quem parte.
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