Não estamos consumindo com qualidade, e falo no sentido mais abrangente da palavra. Temos livros, músicas, filmes e séries de qualidade e atuais. Mas, muitas vezes não estamos presentes quando consumimos este tipo de conteúdo. A mente está em outro lugar, na prova a ser feita, no boleto que vai vencer, nos afazeres da casa. Esses dias tentava lembrar o título de um livro que acabei faz pouco tempo. Não fosse meu bloquinho de anotações, não lembraria. Gostei do livro, o que é mais surpreendente ainda o fato de não lembrar o nome.
Queremos ser produtivos, estudar, ver filmes, maratonar todas as séries, ler, mas às vezes é preciso dar um pause. Frequentemente escuto uma música já pensando na próxima, e quando me dou conta, volto no início para curtir melhor. Até mesmo na hora da refeição só engolimos o que está em nosso prato, sem sentir o gosto e prestar atenção ao que aquele sabor nos desperta, pois estamos mexendo no celular, vendo todas as redes, ou preocupados com algo.
Parece exagero, mas não é. Tenho visto relatos de muitos que estão com dificuldade para a leitura, tarefa que lhes é prazerosa. Uma amiga comentou que não está conseguindo se apegar à nenhuma série, talvez pelo tanto de tarefas que precisa cumprir. E ela está certa em deixar isso para outro momento. Se não está preparada para usufruir, se distrair com a atenção que merece, melhor deixar para outro dia.
O mundo está caótico e com certeza isso está mexendo com o emocional das pessoas. O dia inteiro tentamos consumir uma grande variedade de informações, notícias e saberes, sem de fato prestar atenção ou absorver. Para quem é da área do jornalismo nos sentimos obrigados a estar sempre conectados. Há uma pressão para que estejamos ligados a tudo que acontece.
Não é permitido não saber a notícia mais impactante do dia, não é permitido estar por fora dos memes e do mundo virtual. Ficamos reféns do ambiente digital para estar informado, para estar em contato com quem está longe, para saber e aprender, e achamos que falhamos porque não conseguimos dar conta de tudo.
Não nos culpemos. Sejamos menos rígidos. Às vezes só o que importa é silenciar a mente por um tempo, e pode fazer um grande bem.
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